Escrito por Théophile Gautier (1811 - 1872), o conto francês "relata" a paixao entre um padre católico e sua amada... morta!
"Ela continuava encantadora e nela a morte parecia um artifício a mais. A palidez de suas faces, o rosa menos vivo de seus lábios, seus longos cílios abaixados e desenhando sua franja castanha sobre aquela brancura davam-lhe uma expressão de castidade melancólica e de sofrimento pensativo de um inexplicável poder de sedução; seus longos cabelos soltos, onde se encontravam ainda algumas florezinhas azuis, faziam um travesseiro para sua cabeça e protegiam com seus cachos a nudez de seus ombros; suas belas mãos, mais puras, mais diáfanas do que hóstias, estavam cruzadas numa atitude de piedoso repouso e tácita prece que corrigia o que poderiam ter tido de sedutor demais, mesmo na morte, a deliciosa curva e o brilho marfim de seus braços nus dos quais não haviam sido tirados os braceletes de pérolas".
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